Volta às aulas… e ao bullying

grande-bullying2Começaram as aulas e com elas também voltam ou iniciam as agressões físicas e verbais. Para algumas crianças, retornar à escola tornou-se traumático, porque são elas que sofrem o bullying. Mas como evitar que seu filho sofra essas violências?

Para a psicóloga Andrea Siomara a melhor forma de impedir que seu filho passe por isso é fazer algumas atividades conjuntas para entender o problema. “A prevenção do bullying é desenvolvida em parceira pela comunidade escolar, alunos, professores, dirigentes e pais para que todos não fechem os olhos para as situações de agressão e não tentem jogar uns para os outros a responsabilidade pelos atos. Ações conjuntas, principalmente no âmbito educativo, como rodas de conversa, teatro, painéis, talvez até tornar o bullying um tema de estudo e discussão entre os alunos são as melhores formas de prevenção.”

É claro que há o outro lado também, o da criança que pratica a agressão. “Logicamente, estamos falando, muitas vezes, de uma pessoa que leva para a escola ou para o trabalho uma realidade violenta que vive em outros ambientes, situações de desrespeito à sua integridade física, psicológica e moral. Isto não deve ser encarado como uma condição insolúvel. O bullying é um fenômeno situado. Acontece em circunstâncias e locais determinados”, explica o pedagogo e mestrando em educação Bryann Breches.

Mas a realidade que cerca cada pessoa não é o único motivo para que ela pratique o bullying. “Não há uma resposta universal sobre o porquê, mas alguns agridem para serem vistos, para serem notados; outros para denotar poder, outros ainda para esconder seus próprios problemas. Outros agridem os mais fracos como bodes expiatórios. Não é uma relação unilateral. Existe o agressor, a vítima e a testemunha. Geralmente, comportamentos violentos são estimulados não só no ambiente escolar como também em toda uma cultura que produz jogos de videogame, filmes, novelas, músicas, imagens que incitam a um ambiente de competição e violência”, completa Andrea.

E aquela criança que recebe a agressão do amiguinho da escola, por que ela não reage? Por que ela não conta para os pais? “É difícil saber o motivo que leva a criança a se deixar ser agredida. Cada um de nós, apesar de partilhar de uma mesma cultura, é único e reage de forma única. Existem padrões de comportamento, mas a Psicologia Social falhou em prever com certeza as respostas, justamente por não haver um ‘modelo humano’. A forma de chegarmos a uma resposta seria nos aproximarmos de cada criança e entender suas reações relacionadas aos múltiplos papeis e ações que exerce em seu cotidiano. Cada família vai reagir de uma forma. Há pessoas que acreditam que o ataque é a melhor defesa. E aí começa um ciclo de violência que não se sabe onde começou”, esclarece Bryann.

É por isso que o segredo para se proteger do bullying está no cerne familiar. “Em primeiro lugar, temos que educar nossos filhos com respeito. É difícil exigir do filho que ele não agrida o colega, se ele é agredido pelos pais, pelos irmãos, vizinhos. Impor limites aos filhos é outro ponto importante e não é tarefa simples e fácil de ser realizada. Ao contrário, exige autoridade dos pais, que é diferente, obviamente, de autoritarismo. Os pais devem acreditar no potencial dos filhos e dialogar com eles, sempre. Algumas pessoas ainda acreditam que criança não entende. Então, esta criança é exposta a cenas de violência e conteúdos adultos que serão significados por ela da forma possível. Respeito inclui muito mais do que não bater”, enfatiza Bryann.

Porém, há afirmações que o bullying tem o seu lado “bom”. É difícil imaginar qual seja a parte positiva vinda da violência física e da agressão verbal. “Alguns estudos apontam para a questão da sobrevivência, da luta dos mais fortes, da subjugação dos fracos como características humanas. A Psicologia Social não desconsidera estes conhecimentos, mas não ignora que muito do que é produzido cientificamente está a serviço de um sistema de produção que nos coloca em ‘guerra’ contra nosso colega de profissão, de classe, em uma disputa desenfreada por um suposto ‘poder’, que no fim nos coloca, de uma forma ou de outra, como peças da engrenagem do sistema capitalista”, finaliza a psicóloga Andrea Siomara.

Revisado por Eduardo Prestes

Sobre como e por quê?

Sou jornalista e atuei por anos como assessora de imprensa. Minha mais recente experiência me levou a escrever sobre comportamento, algo que eu nunca tinha feito, mas que amei. É por isso que resolvi criar esse blog em meio às funções de ser mãe de duas preciosidade Eloá e Pietro, vivência que me traz pensamentos e emoções que se tornam pautas.
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