Há algum tempo, as mulheres tinham relacionamentos sérios mais cedo. Casavam, já tinham filhos e com seus 30 anos já eram chamadas de tias. É por isso que aquelas que passavam dessa idade sem casar ouviam a singela pergunta sarcástica: ficou pra titia?
Mas os tempos mudaram e as mulheres estão começando um relacionamento sério cada vez com mais idade. Hoje, casar-se com 30 anos pode ser interpretado como ‘cedo demais’. “Penso que no tempo das nossas avós a criação da mulher já era com o intuito de que o casamento acontecesse muito cedo. A mulher tinha muitos filhos e sua obrigação era ficar em casa cuidando deles e da casa, estando sempre com tudo em ordem e, à noite, estar pronta para servir o marido. Ela pouco saia de casa, tudo era ele quem resolvia e decidia. Mas com o passar de décadas e décadas, com as revoluções e o espaço que ganhou e conquistou dentro da sociedade, a mulher tornou-se muito independente; e ter um relacionamento passou a ser o segundo plano para muitas, que mesmo ‘amando’ ainda se posicionam perante a sociedade como independentes e colocam o trabalho em primeiro lugar”, explica a psicóloga Kátia Lopis.
Kátia também lembra que a mulher ficou mais criteriosa, crítica e dificilmente se satisfaz com pouco. “Sem dúvida a mulher passou a ficar mais exigente na medida em que também cresceu e aprendeu coisas novas e que passou a ser também exigida e cobrada diante das diferenças entre o homem e a mulher.”
E essa independência explícita, muitas vezes, pode assustar os homens que, em sua maioria, foram criados com pensamentos machistas. “Talvez a disputa do mercado ou da sociedade tenha ‘contaminado’ a competição também no amor. Os homens não estão acompanhando o ritmo ditado pela mulher. Por mais que eles digam que não, são sim criados com os pensamentos machistas de que a mulher tem que ser submissa a ele. É por isso que as mulheres se decepcionam ainda um pouco mais com os homens na hora de se relacionarem, porque eles se assustam, somem ou não querem assumir nada sério.”
É por esses motivos que podemos dizer que as mulheres estão em ‘uma sinuca de bico’, como dizem. Algumas ainda têm carência de um relacionamento sério, apesar de viver plenamente sua independência financeira e profissional. “As mulheres sentem sim falta de ter um relacionamento que as complete, mas dizem que os homens não querem nada sério. Se são cobrados, acham ruim, desconversam ou muitas vezes desistem do relacionamento. Se elas têm que trabalhar até mais tarde e, muitas vezes, desmarcam o encontro ou o adiam, muitos homens não admitem serem trocados pelo trabalho e acabam tendo um relacionamento apenas eventual.”
Observando de fora, parece que não há problema nenhum em ter relacionamentos tardios, parecendo até mesmo que seja melhor. Mas não é bem assim. “A maior consequência para se relacionar com mais idade é desenvolver hábitos e rotinas sozinha, tornando-se uma pessoa sistemática e metódica, que dificilmente encontrará em alguém paciência e flexibilidade de se moldar a uma nova rotina”, enfatiza Kátia.
Mas calma, é sim possível sair desse ciclo e se abrir para um novo relacionamento, mesmo sendo mais ‘experiente’. “A predisposição, a vontade e a persistência têm que caminhar lado a lado para que tudo isso seja quebrado. Temos que ter o desprendimento de nós mesmos e passar a olhar para as necessidades do outro também; saber e lembrar sempre que um indivíduo nunca é igual ao outro, que as pessoas erram tentando acertar, que não devemos fazer com que um pague pelo erro do outro. Porém, na teoria, tudo é lindo, mas, na prática, sabemos que é muito diferente. Portanto, cabe a cada mulher buscar o melhor jeito e a melhor maneira de deixar que o amor tome conta do seu coração e a complete como um todo”, finaliza a psicóloga.
Revisado por Eduardo Prestes.